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quinta-feira, 21 de setembro de 2000


COOPERATIVA DE CONSUMIDORES DE PRODUTOS
ECOLÓGICOS DE TORRES – ECOTORRES

Com este nome, não tem jeito: é uma idéia que veio para ficar. Ficar não. Se espalhar, se multiplicar, se reproduzir. E que assim seja.
Paulo Freire, e não somente ele, dizia que as palavras e os conceitos trazem, no seu bojo, uma firme determinação de se tornarem realidade. Por isto a importância de nos expressarmos com as palavras adequadas, de utilizarmos os conceitos certos. Para tanto, vale compreendermos um pouco mais o que esta implícito neste nome: Cooperativa de Consumidores de Produtos Ecológicos de Torres.
O cooperativismo é uma doutrina econômica que teve suas base lançadas no século passado. Teoricamente surgiu com a força de uma idéia que se propunha alternativa ao modelo capitalista de produção. Seus ideários de cooperação não suportaram a convivência com o canto de sereia da competição desenfreada e do individualismo exacerbado. Mas a semente da cooperação, esta já existia e segue existindo. Todos nos sentimos melhor quando participamos de um grupo, colaboramos com aqueles que estão ao nosso lado e fazemos da felicidade uma conquista coletiva. Somos  assim, nascemos para isto, ainda que queiram nos convencer do contrário.
Dentre muitas, a principal marca da sociedade contemporânea é o consumo. Consumimos tudo: produtos, serviços, pessoas, natureza, percepções, vida, e o que mais a imaginação dos “donos do mundo” alcançar. O sonho do consumo sem limites acabou se transformando em sinônimo de alegria e satisfação.
Produtos Ecológicos são definidos como alimentos e fibras que não contém contaminantes químicos, não sofreram manipulação genética e são produzidos sem danificar o meio ambiente. Os agricultores que apostam nesta idéia estão não apenas preservando sua saúde, do consumidor e do planeta. Estão também garantindo às gerações futuras a possibilidade de sobrevivência.
Assim, este nome traz junto com ele um potencial de mudança do quadro de degradação ambiental e injustiça social que marca a sociedade contemporânea. Mais que isto, aponta um caminho para esta mudança: o consumo consciente.
Em uma sociedade de consumo, quem detém o poder de mando são os consumidores. Esta afirmativa é tão lógica e verdadeira que uma grande soma de recursos são investidos para que os consumidores não percebam esta realidade. Se tornam uma presa mais fácil, quanto mais desorganizados e solitários estiverem.
          Consumidores de vários locais do mundo estão percebendo esta realidade e começam a buscar uma resposta. Recentemente teve muita divulgação o fato de milhões de consumidores europeus, muitos deles organizados em associações e cooperativas, terem ficado uma semana  sem comprar produtos de uma grande multinacional do ramos de combustíveis, em função de decisão desta companhia de jogar ao mar os despojos de Brent Spar, uma base petroleira localizada no mar do norte, perto da Noruega. Esta “greve” significou um enorme prejuízo para a companhia, que ao final reviu sua decisão, mas seu pior efeito foi moral. E se o exemplo pega...
Este fato nos mostra o quão oportuno é que nos organizemos, como consumidores, para defender nossos interesses. No caso da Eco – Torres, o interesse não podia ser mais nobre: defender a vida. De quem consome, de quem produz, do próprio planeta.
A comunidade Torrense está de parabéns. Esta não é uma idéia da cabeça de um ou dois privilegiados. Se algumas lideranças trabalharam para pragmatizá-la, foram porque tiveram a sensibilidade de expressar um desejo coletivo. Todos estão convidados a visitarem a loja da Cooperativa. A se integrarem como sócios. E a sentirem o prazer de se alimentar bem, escrevendo sua própria história.

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