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sexta-feira, 13 de agosto de 2004

Agroecologia, Mercados Locais e Soberania Alimentar

Agroecologia, Mercados Locais e Soberania Alimentar
                                                                        Laércio Meirelles[1]

Soberania Alimentar e Produção de Alimentos
O acesso a um alimento saudável e de boa qualidade é um direito universal dos povos, e deve se sobrepor a qualquer fator econômico, político ou cultural que impeça sua efetivação. Todas as pessoas devem ter direito a um abastecimento alimentar seguro, culturalmente apropriado e em quantidade e qualidade suficiente para garantir seu desenvolvimento integral.
O conceito de Soberania Alimentar remete, além do dito acima, a um conjunto mais amplo de relações: ao direito dos povos de definir sua política agrária e alimentar, garantindo o abastecimento de suas populações, a preservação do meio ambiente e a proteção de sua produção frente à concorrência desleal de outros países[2].
Nesta perspectiva, a noção de Soberania Alimentar incorpora várias dimensões: econômica, social, política, cultural e ambiental. Por sua vez estas dimensões se relacionam: ao direito de acesso ao alimento; à produção e oferta de produtos alimentares; à qualidade sanitária e nutricional dos alimentos; à conservação e controle da base genética do sistema alimentar[3]; às relações comerciais que se estabelecem em torno do alimento, em todos os níveis.
Este inalienável direito de todo ser humano tem sido negligenciado de forma sistemática por nossa sociedade. Constata-se com pesar que as formas hoje dominantes de produção, processamento e consumo de alimentos têm aprofundado de maneira significativa a assimetria entre países e territórios, aumentado a insegurança alimentar e nutricional da população mundial e acelerando o processo de degradação ambiental nos diferentes continentes, ampliando, ao mesmo tempo, o controle das grandes corporações sobre os diferentes segmentos da cadeia alimentar.
A insegurança alimentar, não apenas no Brasil, mas, nos países do Sul em geral, encontra-se associada ao acelerado processo de degradação das bases econômicas, sociais, biológicas e culturais da Agricultura Familiar ocorrido nas últimas décadas.
A internacionalização, nos últimos cinqüenta anos, do pacote tecnológico da mal denominada Revolução Verde tem levado, em primeiro lugar, a uma crescente erosão da biodiversidade agrícola e alimentar. Este modelo tecnológico, baseado no cultivo de variedades genéticas de alta produtividade, na utilização de insumos químico-sintéticos, na mecanização e no recurso a fontes não renováveis de energia, tem sido o responsável pela deterioração progressiva da própria base natural que assegura a estrutura e o funcionamento dos sistemas agrícolas.
No que diz respeito à Soberania Alimentar, o impacto deste modelo é paradoxal. Aumentou a produção de alimentos no mundo ao mesmo tempo em que cresce o número de famintos. Concentração da terra, êxodo rural, descapitalização da agricultura, incremento dos monocultivos e erosão dos solos são algumas das causas apontadas para esta anomalia. Em seu editorial do dia 18 de setembro de 2000, a Folha de São Paulo, citando um relatório da FAO, afirmava: “O mundo já produz alimentos em quantidade suficiente para suprir as necessidades nutricionais de todos os seus 6 bilhões de habitantes. Ainda assim, cerca de 800 milhões sofrem de desnutrição... infelizmente, o mundo ainda parece longe de dar uma resposta para o problema da fome, que não diz tanto respeito a produção de alimentos, mas sim a distribuição de renda.”

Agroecologia e Soberania Alimentar
A Agroecologia, cujo conceito vem sendo construído com a contribuição de diversas áreas do conhecimento, se propõe a ser uma resposta sócio-ambiental a esta degradação ocasionada pela revolução verde.
Concebido inicialmente como uma disciplina científica que estuda os agroecossistemas, o conceito de Agroecologia hoje incorpora também o estudo do desenho de agroecossistemas sustentáveis, levando em consideração todos os fatores que podem influenciar este desenho[4]. Esta evolução conceitual leva, naturalmente, a uma forte aproximação entre o trabalho com Agroecologia e a busca da defesa da Soberania Alimentar dos povos.
Iniciativas “agroecológicas” como o resgate e a manutenção de sementes varietais pelas famílias agricultoras, a conservação de recursos naturais, a produção de alimentos limpos e a articulação de novas redes de distribuição e consumo de alimentos são condições sine qua non para garantir o acesso de alimentos de qualidade a todos. E, como já vimos, acesso é um problema central quando o tema é Soberania Alimentar.

A Rede Ecovida e os Mercados Locais
A Rede Ecovida de Agroecología surge no fim da década de 90, a partir da integração de dezenas de organizações que tinham na promoção da Agroecologia seu objetivo central.
Segundo um documento interno “A Rede Ecovida de Agroecologia é um espaço de articulação entre agricultores familiares e suas organizações, organizações de assessoria e pessoas envolvidas e simpáticas com a produção, processamento, comercialização e consumo de alimentos ecológicos. A Rede trabalha com princípios e objetivos bem definidos e tem como metas fortalecer a agroecologia em seus mais amplos aspectos, disponibilizar informações entre os envolvidos e criar mecanismos legítimos de geração de credibilidade e de garantia dos processos desenvolvidos por seus membros”.
A Rede atualmente é formada por 180 grupos de agricultores dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, envolvendo um total de 2300 famílias. Participam ainda 10 cooperativas de consumidores de produtos ecológicos e 25 ONGs. A unidade operacional da Rede são os Núcleos Regionais, que hoje são em número de 21. Os Núcleos Regionais, como a própria Rede, são formados por grupos de agricultores, grupos de consumidores e entidades de assessoria. A Rede Ecovida é uma articulação aberta e estes números estão em constante crescimento.
Para a Rede Ecovida de Agroecologia todo processo de transição agroecológica deve ter como ponto de partida a recuperação da capacidade da propriedade familiar em produzir seus próprios alimentos. A partir desta premissa é que devem ser construídas as estratégias de vinculação dos agricultores com o mercado, sempre buscando opções que por um lado estimulem e consolidem o processo de transição tanto do ponto de vista técnico quanto sócio-econômico e por outro disponibilizem à população urbana produtos de qualidade a preços acessíveis.
Existe hoje uma forte concentração nas redes de varejo de alimentos, que alonga canais de distribuição, desestrutura redes locais de abastecimento e pasteuriza o consumo, limitando nossa dieta alimentar. Infelizmente a tendência majoritária, tanto nacional quanto internacional, é a de busca destas grandes redes de supermercados e canais de exportação como principais estratégias de comercialização para os produtos orgânicos.
Contrariando esta tendência, os membros da Rede Ecovida de Agroecologia têm buscado privilegiar o mercado local para escoamento de sua produção. Mercado Local aqui não pode ser entendido unicamente como uma localização geográfica, mas também como um processo de comercialização que busca fundamentalmente:
  1. Facilitar o acesso ao alimento ecológico (democratizar, popularizar e consequentemente massificar o consumo de produtos ecológicos)
  2. Que se encurte a distância entre produtores e consumidores, estabelecendo relações solidárias entre eles;
  3. Valorização dos serviços sócio-ambientais gerados;
  4. Que os benefícios da comercialização sejam compartilhados entre os envolvidos;
  5. Cooperação, transparência e complementaridade entre os envolvidos;
  6. Uma crescente inclusão de agricultores e consumidores ao mercado.
No entendimento da Rede Ecovida um mercado pautado por estes princípios, permite o escoamento de uma produção diversificada, baseada em recursos genéticos autóctones, uma melhor remuneração para o agricultor, preços mais acessíveis ao consumidor, baixos custos operacionais. Mercados como estes propiciam ainda que uma maior parcela da renda gerada na agricultura seja retida pelo agricultor, com um conseqüente aumento em sua capacidade de consumo.
É na busca da construção de relações de mercado desta natureza que a Rede Ecovida tem estimulado a construção de uma Rede Solidária de Produção e Circulação de Produtos Ecológicos. As células de comercialização desta Rede são fundamentalmente feiras livres, cooperativas de consumidores, mercados institucionais, pontos de abastecimento popular, pequenas lojas e comerciantes.
Várias experiências ocorrem hoje em todos os núcleos da Rede Ecovida e que apontam para a construção de que podemos chamar de “outro mercado”.
No Núcleo Monge João Maria, no Centro Sul do Paraná, o desenvolvimento do mercado local para produtos ecológicos tem se baseado em distintos equipamentos, tais como feiras livres, mercado institucional e comercialização em festas e eventos locais. Estes espaços de comercialização têm estimulado a diversificação da produção entre as famílias agricultoras ecologistas, o que tem gerado efeitos positivos na construção da soberania alimentar, tendo em vista a melhoria e o enriquecimento nos hábitos alimentares das famílias. Da mesma forma tem popularizado o acesso ao alimento ecológico, já que as feiras, em um total de quatro, são realizadas em bairros populares, a preços acessíveis e as compras institucionais estão voltadas ao atendimento de 4 creches, 1 pré-escola e 5 escolas em bairros carentes, além de entidades assistenciais presentes em 3 bairros. Este é um exemplo importante que rompe com a lógica de elitização dos mercados de produtos orgânicos.
No Núcleo Maurício Burmeister do Amaral, na região metropolitana de Curitiba-PR, a Agroecologia tem contribuído para o desenvolvimento de canais alternativos de mercado, sob o controle das famílias agricultoras e consumidoras, diminuindo a dependência dos intermediários e das grandes redes de supermercados. Doze novas feiras agroecológicas (algumas com gestão de consumidores), cinco pontos de comercialização, duas escolas que  recebem merendas escolares agroecológicas, algumas iniciativas de entrega de "sacolas" agroecológicas e comercialização solidária em bairros pobres, são exemplos de experiências de descentralização da comercialização.
Em um trabalho realizado em mais de 16 oficinas nos grupos de agricultores, como parte de uma capacitação sobre gestão, foram levantados dados significativos sobre a grande diversidade de alimentos ecológicos produzidos e consumidos pelas famílias agricultoras. No entendimento dos integrantes deste núcleo, isto demonstra o resgate da riqueza alimentar destas famílias e a presença de uma renda direta ou indireta às vezes superior àquela obtida pela comercialização dos produtos destinados ao mercado.
No Núcleo Litoral Solidário, que abrange o Litoral Norte do RS e o Sul de SC, um dos equipamentos mais estimulados tem sido as Cooperativas de Consumidores de Produtos Ecológicos, presentes hoje em seis diferentes municípios. Basicamente funcionam a partir da organização dos consumidores e se materializam em uma loja de produtos ecológicos. Uma delas, a COOPET, localizada no município de Três Cachoeiras, tem uma forma de gestão bastante original. Cobra de seus associados uma pequena mensalidade, hoje de 20 reais, suficientes para cobrir seus custos operacionais. Isto lhe permite vender a seus associados os produtos ao preço “de custo”. Para facilitar o acesso dos agricultores aos produtos que comercializa, a COOPET tomou a iniciativa de cobrar de grupos de agricultores apenas uma mensalidade, que permite o acesso ao preço de associado a todos os membros destes grupos. Esta é mais uma iniciativa que facilita o acesso a produtos ecológicos.
Ainda neste núcleo, uma pesquisa feita sobre os quintais agroflorestais mostrou o impacto positivo deste tipo de área na dieta alimentar das famílias agricultoras. Os quintais agroflorestais são áreas de tamanho variável, situadas quase sempre no entorno das áreas de moradia, onde são cultivadas espécies vegetais, eventualmente animais, de uso alimentar, medicinal, ornamental ou madeireiro. Estas espécies formam um mix que abrange, quase sempre, diferentes, estratos com níveis de biodiversidade que variam tanto no plano horizontal quanto no vertical. O trabalho desenvolvido neste núcleo busca resgatar a importância dos quintais no desenho de uma propriedade ‘agroecológica’. O gráfico ao lado mostra que a maior parte das espécies cultivadas nos quintais possui valor alimentício. Hoje cerca de 80 famílias agricultoras são estimuladas a reforçarem seus trabalhos nestas áreas.
Foi encontrado um total de 94 espécies em um levantamento feito em oito quintais representativos de 4 municípios. Muitas destas espécies são multiusos.


No Núcleo Serra, no nordeste do RS, a partir de um convênio estabelecido entre o Centro Ecológico e a Prefeitura Municipal de Caxias do Sul, desde 1998 se comercializa bananas produzidas sob os princípios da Agroecologia, no Litoral Norte do RS  Sul de SC. O diferencial é o objetivo desta comercialização: conectar agricultores e consumidores com baixo poder aquisitivo. Semanalmente são comercializados em dois pontos estratégicos, de grande fluxo de pessoas, 10 toneladas de banana a um preço 30 a 40 % abaixo do preço de mercado da banana convencional. Ainda assim para os agricultores este valor, descontando os custos de comercialização, significa um incremento de 100% em sua renda (veja os números no Box ao lado). Incremento dos ingressos dos agricultores associado a acesso da população de baixa renda a alimentos de qualidade, a preços acessíveis. Esta iniciativa é mais uma demonstração que práticas agroecológicas, associadas aos mercados locais, trazem impactos positivos à Soberania Alimentar da população.

Ponto de colheita – Caxias do Sul
50 famílias agricultoras envolvidas; 10 ton de banana comercializadas por semana
Preço recebido pelo agricultor = R$ 0,66/kg (o custo de comercialização é de R$ 0,18/kg)
Preço pago pelo consumidor: R$ 0,66/kg
Mercado convencional:
Preço pago ao agricultor = R$ 0,25/kg
Preço pago pelo consumidor: R$ 1,00/kg

Pavimentando caminhos, reacendendo esperanças 
Aqui repetimos o que já dissemos no início: o acesso a alimentos saudáveis e de boa qualidade é um direito universal dos povos, e deve se sobrepor a qualquer fator econômico, político ou cultural que impeça sua efetivação. Infelizmente na sociedade contemporânea este acesso está obstruído para uma parcela significativa da população.
Trabalhar para reverter este quadro é um dever de cada um de nós e da sociedade como um todo.
Os integrantes da Rede Ecovida entendem estar dando sua parcela de contribuição, a partir da realidade em que cada membro está inserido. A opção pela Agroecologia e pelo desenvolvimento de mercados locais para produtos ecológicos são elementos que julgamos indispensáveis para pavimentar o caminho que permite o acesso de todos a alimentos de qualidade.
Temos a dimensão que trabalhos como os aqui descritos não se avolumam a ponto de se fazerem notar pelas estatísticas de produção e comercialização de alimentos. Ainda assim acreditamos que são exemplos que devem ser observados. Reascendem as esperanças, bem que a escassez tem deixado ainda mais valioso, de que é possível construir um mundo onde todos e todas, cada um e cada uma, tenhamos garantido nosso direito à alimentação saudável.



[1] Coordenador do Centro Ecológico, ONG que desde 1985 trabalha com o estímulo a produção e ao consumo de produtos ecológicos. O Centro Ecológico é membro da Rede Ecovida de Agroecologia.
[2] A noção de soberania alimentar, desenvolvida pela Via Campesina, foi levada ao debate público por ocasião da Cúpula Mundial da Alimentação em 1996. Desde então tem se convertido em conceito chave no debate internacional, inclusive no âmbito da ONU.
[3] PESSANHA, Lavínia. A agricultura familiar e os quatro conteúdos da segurança alimentar. Rio de Janeiro, AGORA/RIAD/REDCAPA, 1995.
[4] Gliessman, Stephen. Agroecologia – Processos Ecológicos em Agricultura Sustentável, Porto Alegre, Editora da UFRGS, 2000, páginas 53-57.

sábado, 3 de julho de 2004

Ferias de Productos Ecologicos



FERIAS DE PRODUCTOS ECOLÓGICOS
                                                                                              Laércio Meirelles[1]


Un poco de historia
En 1989, el Centro Ecológico es invitado por la Cooperativa Ecológica Coolméia[2] para participar en la primera edición de una Feria de Agricultores Ecologistas, a ser realizada en Porto Alegre, capital de la provincia, a 200 km del municipio de Ipê, donde estaba la sed del Centro Ecológico. 
La importancia de esta feria no se debe, únicamente, a los resultados colectados por los agricultores y por la Coolméia acerca de la aceptación del producto ecológico por parte de los consumidores. Los procesos políticos y organizativos gestados alrededor de este espacio de comercialización fueron igualmente importantes, consolidando principios y metodologías de acción que más tarde serían reproducidos por otras experiencias de comercialización de productos ecológicos, fuertemente inspiradas por el ideal presente en esta feria.
El suceso de esta iniciativa luego hizo que su funcionamiento, inicialmente mensual, pasase a una regularidad semanal.
El envolvimiento del Centro Ecológico con la Feria de  los Agricultores Ecologistas fue bastante intenso. Y no podría ser diferente. Este espacio de comercialización atendía exactamente a los requisitos que nos motivaban para la creación de un mercado diferenciado, como el respeto a la diversidad de una finca basada en los principios agroecologicos, precios equlibrados para productores y consumidores y el estrechamiento de la relacion campo-ciudad..
Durante aproximadamente cinco años esta feria fue el foco de aprendizaje y reflexión que creó los enlaces políticos-filosóficos con los cuales se tejería lo que ahora llamamos de “Red solidaria de produccion y circulacion de productos ecologicos”, hoy posible de ser visualizada en el sur del Pais.

Comentarios generales     
Las ferias libres son el espacio de excelencia para la comercialización de Productos Ecológicos. En casi todos cantos del mundo ésta es normalmente la primera opción cuando se busca comercializar la producción ecológica de los agricultores familiares.
Esta opción parte de una primera motivación obvia: la eliminación de intermediación entre el agricultor y el consumidor, con las subsecuentes ventajas de precio tanto para quien produce cuanto para quien consume. Otras ventajas desde el punto de vista económico, para el agricultor son el pagamento al contado y la posibilidad de comercialización de una amplia gama de productos.
Pero un analisis más detallado nos muestra que los cambios que ocurren en este espacio van más allá del acto de compra y venta y atingen otras dimensiones. El encuentro entre los agricultores y los consumidores permite un mayor conocimiento de sus respectivas realidades bien como un cambio de informaciones y percepciones. El agricultor que frecuenta la feria posee informaciones actualizadas sobre precios, conoce mejor la vida urbana, desenvuelve mayor capacidad de comunicación y se siente desafiado a ampliar sus conocimientos.
Otro punto de vista a ser considerado es el hecho de que la feria involucra la familia en su preparación, desde la plantación hasta el acto de la venta. Procesamiento de parte de la producción, preparación y embalaje de granos, frutas y verduras, además del viaje hsta el punto de venta exigen grande suma de esfuerzos y la participación de toda la familia, además del hecho de que muchas de estas actividades son historicamente delegadas a mujeres o jóvenes. La repercusión se hace notar con mucha nitidez en aquellas familias con algunos años de ferias, donde se observa una mayor participación de mujeres y jóvenes en el ámbito productivo y en la repartición de los beneficios económicos.
Vale destacar también que las ferias, al favorecer la comercialización de un amplio mix de productos, incluso aquellos producidos en pequeñas escalas y con una calidad visual relativa, tiene un reflejo bastante positivo sobre la agrobiodiversidad. Cuando el agricultor se da cuenta de la aceptación de los porotos de vários colores, zapallos los más diversos, tomates de diferentes formatos, se siente estimulado a cultivar un mayor número de espécies y variedades, condición indispensable para buenos resultados productivos en una propiedad manejada bajo los principios de la Agroecología.
La feria también es un espacio vital de generación de credibilidad del producto ecológico. El encuentro semanal, la conversación entre los productores y consumidores, las dudas que son respondidas en la hora, la invitación hecha por el agricultor para que el consumidor visite su finca son ejemplos concretos que va creando una relación de confianza, que no sólo permanece en el tiempo como ‘contamina’ a otros consumidores. En la búsqueda de metodologías de certificación más baratas y apropiadas metodologicamente, este momento debe ser bastante valorizado.
Además de los comentarios que ya fueron hechos sobre las ferias de productos ecológicos, aquí queremos resaltar la nueva dimensión que, apartir de la construcción de la imagen de la Red Solidária, las ferias pasaron a tener. En esta imagen, las ferias son una célula de consumo. Y, como una célula, debe al máximo expresar el trabajo hecho por toda la Red. Por eso, pasamos a trabajar para que cada feria tuviese productos oriundos además del local, de otras regiones.
Esta estratégia además de buscar cumplir este objetivo, de permitir que cada feria exprese el trabajo hecho por el conjunto de la Red, obviamente atiende también a un interés comercial. Por un lado permite aumentar la diversidad de productos de las ferias y por otro un mayor salida de la producción de los agricultores, en un canal reconocidamente ventajoso para los involucrados en el proceso de comercialización y que mantiene una fuerte coerencia con los principios de la propia Agricultura Ecológica.
El desafio para que en cada feria estén presentes todos los productos producidos por los agricultores integrantes de esta Red no es sencillo para ser superado. Cotidianamente estamos tentando crear nuevas vías que permitan la oferta de nuevos productos en todas las Ferias.
La experiencia nos ha enseñado que  esta tentativa tiene como principal límite algo que ya es un reconocimiento como tal en todas las estratégias de comercialización: la distribución. Superar este límite significa crear una forma de distribución que vincule producción y venta en pequeña escala, con un costo que no sea tan oneroso en el precio final del producto. Aquí destacamos que en nuestros análisis de costo ya observamos que en la mayor parte de veces en que los productos ecológicos han llegado a las ferias con precio superior a los productos convencionales es exactamente en función de este costo de distribución, mucho más que por costos de producción propiamamente dichos.
En términos más prácticos estos productos ‘no locales’ llegan a las ferias a través de una banca organizada por algún actor que es definido en común acuerdo entre los propios participantes de la feria. Puede ser la banca de un agricultor, de una ONG o hasta de un consumidor que tenga interés en aceptar esta tarea en la condición de microempresario. Lo importante es que esta banca  siempre va a vender productos que no son producidos por los feriantes.

Organización de Ferias de Agricultores Ecologistas
    El Centro Ecológico siempre trató las ferias como espacios prioritários para la comercialización de los productos oriundos de los agricultores. Esta priorización se traduce de dos maneras: en algunos momentos organizando ferias en ciudades localizadas en su área de actuación local y en otras buscando sociedades con organizaciones, estatales o no, realizadas en ciudades de mayor porte, pero distantes de sus áreas de trabajo.
La iniciativa de las Ferias de Productos Ecológicos comienza siempre con una negociación con las Prefecturas locales, que son las que tienen la reponsabilidad de regular la ocupación del espacio público. Muchas veces la participación de las prefecturas han ido más allá de una sencilla concesión del espacio y ha pasado por un apoyo para el montaje de la propia feria y en algunos casos envuelve una activa participación en toda la organización de la misma. Es obio que, cuando el poder público participa de la organización de la feria, es tarea de las organizaciones  de  agricultores y sus socios impedir un uso electoral de la misma que pase del límite de lo que podría ser aceptable y que pueda comprometer la calidad de la propia feria.
En la hora del montaje de la feria, para garantir un buen resultado, es conveniente establecer un formato para su funcionamiento. Este formato debe ser establecido en común acuerdo entre los organizadores, los agricultores y representantes de los consumidores, cuando sea posible.
          Algunas sugestiones para un buen funcionamiento de una Feria de Productos Ecológicos están descriptos abajo:
1)    Elaboración de un “Reglamento de la Feria”, con las reglas claras y acordadas por todos como necesarias para el suceso de la feria;
2)    Estructuración de una “Comisión de la Feria”, conformada por agricultores y si es posible, consumidores, responsables por celar por el buen funcinamiento de la feria y por el cumplimiento del reglamento ;
3)    Encuentros entre organizadores, los agricultores y si es posible con la participación de consumidores:
i)     Semanales – después de las ferias (fundamental para consolidar los feriantes como grupo);
ii)    Encuentros semestrales de planeamiento de producción;
iii)   Encuentros anuales de confraternización;
4)    Crear reglas que privilegian la presencia en la feria de productos comestibles e in natura en su mayoría. Es muy fácil una Feria de Productos Ecológicos confundirse con una feria de productos procesados, coloniales y de artesanato.
5)    Comunicación constante con el consumidor:
i)     Precio visible – no olvidarse que el precio hace parte de la decisión de compra;
ii)    Folletos con recetas, principalmente de productos de la época;
iii)   Folletos para aclarar sobre el producto ecológico o temas que tengan relación;
iv)   Investigaciones sobre preferencias y opiniones de los consumidores deben ser hechas regularmente;
v)    Organización periódicas de visitas a las propiedades de los agricultores;
vi)   Deben organizarse promociones como ‘fiestas’ de cumpleaños de la Feria, ‘dias’ de determinado producto; etc.


Resumén - Lecciones aprendidas con las Ferias 

Condiciones Requeridas para la organización de Ferias de Productos Ecológicos
Una oferta diversificada de productos, en especial de productos in natura
Consumidores que demanden Producto Ecológico
Organización de la oferta y de los medios de transporte para llegar a la Feria
Al menos una institución que se responsabilize por la organización de la Feria, ubicada en la ciudad donde ella se realizará
Un capital inicial mínimo para montaje y divulgación de la feria

Ventajas de una Feria libre como equipamiento de comercialización de productos ecológicos
Precios mejores para los agricultores y consumidores
Pagamento al contado para el agricultor
Autonomía del agricultor
Baja exigencia en especialización- estímulo a la diversificación
Relación de cambio entre agricultor y consumidor
Se adapta a diferentes realidades socio-culturales
Contribue en la construcción de la credibilidad del producto ecológico
Democratiza el acceso al producto ecológico
Refuerza una mayor participación de las mujeres y jóvenes en la organización de la finca

Límites de una Feria libre como equipamiento de comercialización de productos ecológicos
Oferta limitada si se compara con la de los supermercados
Alto potencial de desgaste del agricultor
El consumidor no tiene una oferta diaria de productos
Bajo volumen de comercialización




[1] Coordinador del Centro Ecológico Ipê,, ONG que desde 1985 trabaja por la promoción de la producción y del consumo de productos ecológicos
[2] La cooperativa Ecológica Coolméia fue fundada en el año de 1978, en Porto Alegre, siendo una de las entidades pioneras en la promoción del cultivo y en la comercialización de productos ecológicos en el Estado. La cooperativa cuenta, en su cuadro social, con diferente modalidades de socios: productores, servidores y consumidores. Su trabajo, que tiene como principios básicos el ecologismo, el naturalismo y el cooperativismo, abarca simultaneamente la alimentación natural, la agricultura ecológica y la defensa del medio ambiente. Ver; COSTA, C. F. Ecología, agricultura y pequeña producción: concepciones y prácticas de una experiencia gaucha. Porto Alegre: UFRGS, 1992 (100-103)

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2004

Entrevista da Revista Agroecologia com Laércio Meirelles


Entrevista da revista agroecologia com Laércio Meirelles, agrônomo do Centro Ecológico e que recentemente esteve visitando a Biofach.

RA) A partir de sua ida a Biofach, como está o chamado mercado de produtos orgânicos hoje no mundo?
LM) Bom, primeiro gostaria de esclarecer o que é a Biofach. É a maior feira de produtos orgânicos do mundo. Realiza-se na Alemanha desde 1990. Ali se encontra boa parte dos vendedores e compradores de produtos orgânicos de exportação em atividade no mundo, principalmente os Europeus.O mercado de produtos orgânicos hoje é de 20-25 bilhões de dólares. Europa e USA respondem por mais de 80% deste total. Ainda que o valor seja respeitável, representa uma fatia inferior a 1% do mercado mundial de alimentos. O país com maior área de cultivo orgânico é a Austrália, com mais de 10.000.000 hectares, seguido da Argentina com mais de 3.000.000 hectares. Estas áreas são fundamentalmente de pecuária extensiva. Nas estatísticas oficiais o Brasil está em 13º lugar, com cerca de 270.000 hectares de cultivos orgânicos. Já em relação ao nº de agricultores estamos em 9º lugar, com mais ou menos 15.000 agricultores certificados como orgânicos. A Itália com 55.000, seguido da Indonésia com 45.000 ocupam a 1º e 2º posição em n° de agricultores. Voltando ao mercado de produtos orgânicos, duas coisas me chamaram a atenção. A primeira é um certo consenso entre os analistas que o crescimento do mercado dá sinais de cansaço. O mercado segue crescendo, mas em taxas cada vez menores. A segunda é em relação ao prêmio orgânico, ou seja, o valor pago a mais pelo produto orgânico em relação ao similar convencional. Também dá sinais de cansaço. Ouvi do vice-presidente mundial da IFOAM, Pipo Lernould, que é uma grande ilusão dos produtores e comerciantes acreditarem que este sobre-preço irá perdurar por muitos anos mais.

RA) Quer dizer que o mercado para produtos orgânicos pode parar de crescer e os preços ainda baixarem?
LM) Que os preços deverão abaixar, sim, é uma tendência verificada nos últimos anos. Olha, estamos falando de um mercado que é o mercado de exportação, das grandes redes de supermercados, e não dos mercados o qual a maior parte dos grupos da Ecovida trabalha, as feiras, pequenas lojas e etc. Quanto ao mercado parar de crescer, tudo depende da perspectiva com a qual se constrói este mercado. Se quisermos que os produtos orgânicos sejam mais um de tantos segmentos de mercado, um nicho como dizem, bom então podemos seguir com os preços altamente diferenciados, com as normas cada vez mais rigorosas e com  as exigências crescentes das certificadoras. Se ao contrário, queremos pensar em sair da marginalidade e termos uma agricultura orgânica para todos tanto na produção quanto no consumo, bom então temos que pensar em outras bases para este mercado.

RA) Mas e o aumento da demanda por produtos limpos que tanto ouvimos falar? Existe ou não existe?
LM) Sim, claro que existe. E a Biofach é uma prova disto. São 33.000 metros quadrados de stand. Mais de 3 hectares. É possível encontrar tudo em termos de alimento e fibras e uma visita a esta feira termina definitivamente com perguntas do tipo: é possível produzir isto ou aquilo sem agroquímicos? E a presença de compradores também é enorme na feira. Aqui estou falando em tendência de queda nas taxas de crescimento, não de estagnação do mercado. Quer um exemplo? O crescimento do consumo de produtos orgânicos nos supermercados Sainsbury, na Inglaterra, foi de 40% ao ano entre 1998 e 2000. Em 2001 cresceu 25%, em 2002 16%. È um crescimento ainda extraordinário, mas cada vez menor. Esta tendência está relatada em outros países europeus também. Segundo alguns especialistas estas taxas tendem a seguir decrescente. Mas ainda temos muito espaço para o crescimento. E se não cresce ainda mais é por que os envolvidos com a produção e comercialização de produtos orgânicos começam a cair em armadilhas criadas por eles próprios. É importante lembrar que estes números se referem muito mais aos países do norte. Nos países subdesenvolvidos temos poucas estatísticas, os dados não são muito confiáveis, e principalmente, existe todo um trabalho com produção e consumo de produtos orgânicos que não é contabilizado.

RA) Um dos serviços prestados pela Rede Ecovida de Agroecologia é o que chamamos de certificação participativa. Qual a possibilidade de um processo desta natureza ser aceito pelos comerciantes de produtos orgânicos?
LM) Existem dois caminhos para responder esta pergunta. Em todos os dois devo antes fazer uma constatação: a certificação hoje é encarada como um problema tanto pelos produtores quanto pelos compradores finais de produtos orgânicos. As exigências cada vez maiores, os altos preços, a falta de reconhecimento mútuo entre boa parte das certificadoras e falhas ocorridas no processo de certificação, que se tornaram escândalos no mundo orgânico, são alguns dos problemas apontados. E todos buscam alternativas mais viáveis, principalmente para os agricultores familiares. A Rede Ecovida e sua certificação participativa é vista como um caminho possível, como algo novo neste mundo da certificação.

RA) Sim, mas esta novidade é reconhecida? E os dois caminhos que mencionastes?
LM) É vista com muita simpatia, mas daí a ser reconhecida... Bom, como eu dizia, um dos caminhos, de certa forma o mais fácil, é a Rede Ecovida fazer um grande esforço para se mostrar tão confiável quanto de fato ela é. No mundo da certificação, e não falo apenas da certificação orgânica, vale mais parecer honesto do que de fato ser honesto. Assim, a Rede, para buscar reconhecimento neste mundo, deve radicalizar no que tange aos registros. Todas as visitas das comissões de ética, todas as reuniões dos grupos, o manejo feito pelos agricultores, as normas de produção, a participação de todas as partes interessadas, tudo deve estar super documentado, organizado, para que quem queira possa fazer as averiguações que desejar.
Outro caminho é a Rede apostar em um procedimento onde será tão documentada e organizada em seus papéis quanto esteja ao alcance dos agricultores e das agricultoras o fazerem. Que esta documentação não seja nem cara, nem um fardo na vida de cada integrante da Rede. Afinal, um princípio básico da Agricultura Ecológica é que tudo o que fazemos deve ser prazeroso... Neste último caso, podemos sim encontrar parceiros comerciais no Brasil e fora que nos reconheçam como orgânicos, mas seguramente não serão tantos quantos na primeira opção. Esta escolha é também política e deve ser feita integrando vários fatores dentre eles nossa escolha preferencial de mercado.

RA) Como assim?
LM) Voltamos a questão do mercado. Qual o mercado preferencial da Rede? Como já disse, esta decisão de certa forma já foi tomada, na história dos grupos que hoje fazem parte da Rede. É a opção pelo mercado local, pelas feiras, pelas pequenas lojas, pelas cooperativas de consumidores, pelos pequenos e médios supermercados. Neste caso, podemos ter um processo de certificação que atende as exigências deste universo, que é o segundo caminho que mencionei anteriormente. Se nossa opção preferencial fosse a exportação ou as grandes redes de supermercados, talvez tivéssemos que traduzir nosso processo para a linguagem deste universo, e isto nos custaria dinheiro e tempo, ou seja, energia que talvez possa melhor empregada em outras esferas.

RA) Este mercado que mencionas como sendo a opção histórica da Rede pode consumir toda a produção dos agricultores, ainda mais se pensamos que mais e mais agricultores optam pela agricultura ecológica a cada dia?
LM) Esta é uma ótima pergunta. Não tenho a resposta. Mas podemos fazer algumas reflexões. Primeiro que este mercado, que podemos chamar de alternativo, tem crescido significativamente. Há 13 anos atrás começamos com a primeira feira de agricultores ecologistas, em Porto Alegre, organizada pela Cooperativa Ecológica Coolméia. Hoje existem, não sei, mais de 100 feiras nos três estados do Sul. E tantas outras iniciativas que surgem quase que diariamente. Assim, que, se não somos tão grandes, também já não somos mais tão pequenos assim...
Outro ponto a se considerar é que este mercado alternativo é um melhor negócio para os agricultores. Uma vez que um dos seus princípios é diminuir os elos de intermediação que separam agricultor do consumidor, há uma tendência ao preço ser mais recompensador para o agricultor sem onerar o consumidor.
Agora, na Biofach, vendo aquele mundo do mercado de produtos orgânicos, reforcei uma posição que já tinha. Este mercado que vem sendo construído, dos produtos caros, das embalagens caras e poluidoras, do marketing pelo marketing e da competição exacerbada não mantém relação com os objetivos que nos fizeram optar pela agricultura ecológica, que eu não preciso aqui repetir. Em outras palavras quero dizer: não sei se com este mercado alternativo iremos vender toda a produção dos agricultores, mas é na construção destes canais que devemos gastar, se não toda, pelo menos a maior parte de nossa energia.

RA) Existe chance deste mercado se massificar, da agricultura orgânica “sair da marginalidade”, como dissestes?
LM) Acho que sim, mas como disse teremos que construir o mercado em outras bases e isto significa derrubar alguns mitos que foram se consolidando nos últimos 20 anos e que podem não ser válidos no mundo de hoje, ao menos em todos os contextos. Por exemplo, o mito do prêmio orgânico eterno ou da necessidade da certificação por auditoria em todos os produtos orgânicos. Resumindo, não podemos trabalhar este mercado com a lógica do nicho, por que então nossas ações “enicham” o mercado. Esta lógica cria as armadilhas que eu mencionava antes. Sou muito crítico em relação à certificação que aumenta custos, ao sobre preço que elitiza o consumo, às normativas que pasteurizam procedimentos, às embalagens que poluem, ao apreço por uma qualidade visual que exclui agricultores do “jogo” do mercado. E ainda existem os mitos no campo da produção do tipo custos altos da transição ou aumento no uso da mão de obra com a produção orgânica ou ecológica. Mas aqui não podemos aprofundar estes pontos. Se estivermos dispostos a rever estes conceitos, podemos sim massificar a produção e o consumo de produtos limpos.

RA) E o consumidor? Obviamente para que o mercado cresça é necessário envolver mais consumidores, conscientiza-los do valor do produto orgânico. Quais estratégias para isto?
LM) Tens toda a razão. Convidar o consumidor a fazer parte deste movimento que estamos criando é fundamental. Um comentário que ouvi mais de uma vez na Biofach é sobre a chamada teoria do pull – push (puxar – empurrar, em inglês): a produção orgânica deve ser incentivada a partir do consumo e não da produção. Ou seja, não empurrar a produção do produtor para o consumidor, mas este puxar a produção daquele. Isto está sendo pensado inclusive ao nível de políticas públicas. Não incentivar a produção, mas o consumo. A demanda estimulada levaria a um aumento da oferta. Até em subsidiar o consumo se fala. Bom, já há algum tempo falamos de ICMS diferenciado para produtos orgânicos.Mas de fato é importante trabalhar para que o consumidor perceba o valor do nosso produto. Quanto às estratégias, bem esta não é uma pergunta fácil. Mas acredito que além de proporcionarmos facilidades em relação a informação, embalagens apropriadas, boa distribuição, etc, também devemos apostar em discutir com o consumidor seus deveres perante o consumo. É a discussão do consumo crítico, do consumo como ato político. Ao se consumir um produto se referenda determinado modo de produção. E o consumidor deve refletir sobre qual modo de produção ele quer apoiar ao consumir um produto.

RA) Estamos terminando. Queres fazer mais algum comentário?
LM) Não acho que não...Talvez apenas parabenizar a Ecovida. Acho que estamos em um bom caminho. Temos, com muita discussão e maturidade feito escolhas sensatas no campo da certificação e da comercialização. E não digo isto “apenas” do ponto de vista ideológico ou do politicamente correto. Em um sentido mais pragmático também, em relação ao mercado acho que a Ecovida tem acertado em suas escolhas. Nosso caminho para a certificação é um caminho hoje invejado por muitos. Claro, muito ainda tem que ser feito, mais que em outros, este é um campo onde ‘o caminho se faz ao andar”, mas nossos primeiros passos acho que são promissores. É isto aí.